22 de abril de 2010

Paulo Sérgio é o anti-Jesus. Sporting fez pacto com um diabo




Se vencer o Sp. Braga de Jesus não é fácil, ultrapassar o super-Benfica de Jesus muito menos. Mas é possível - Rafa Benítez e Paulo Sérgio que o digam (Domingos ganhou uma batalha, em casa, mas provavelmente vai perder a guerra). O Sporting já contratou treinador para a próxima temporada e apostou no anti-Jesus: fez um pacto com o (antigo) diabo - em Estremoz, onde nasceu, todos reconhecem a simpatia do técnico pelo Benfica quando era mais novo da mesma maneira que é conhecida a ligação sentimental de Jesus ao Sporting - para tirar o velho rival lisboeta dos céus e salvar os leões das trevas do segundo maior jejum de campeonatos de sempre.

JOVEM A CRESCER Mais novo (42 anos) e menos experiente - cinco clubes mas apenas dois no principal escalão -, Paulo Sérgio Bento Brito nunca teve uma história famosa contra o comandante dos encarnados: nas primeiras três partidas, quando treinava ainda o P. Ferreira, outras tantas derrotas. Mas, com o fato de vimaranense, o cenário transformou-se. O alentejano passou de mártir a (quase) herói: afastou o Benfica da única competição nacional que, segundo tudo aponta, os lisboetas disputaram e não vão conquistar (a Taça, com a vitória por 1-0 com golo de Lazzaretti); empatou, em casa, na segunda jornada da fase de grupos da Taça da Liga; e sucumbiu na Luz, na segunda parte, com duas bombas de Carlos Martins a desequilibrarem um dos jogos com maior equilíbrio no campo dos encarnados. Ele, Paulo Sérgio, tornou-se no bom Jesus de Guimarães em apenas meio ano. Agora, a partir de Julho, terá dois anos para ser o anti-Jesus do Sporting. "O V. Guimarães está mais forte", reconheceu o técnico do Benfica - um grande apreciador de peixe como Paulo Sérgio, apesar de preferir uma imperial bem fresca a um bom vinho tinto - na véspera do jogo para o campeonato. E no próximo ano?

GOLO DE BETTENCOURT "Tem uma forma de trabalhar diferente: a capacidade, o amor à profissão, o profissionalismo e a competência deixavam perceber que era um treinador para outra dimensão", destaca Fernando Sequeira, presidente do P. Ferreira e primeiro na Liga a apostar no técnico (que levou os castores à final da Taça). Antes subira o Olhanense - clube onde foi, de acordo com responsáveis, o optimizador do regresso ao principal campeonato - e passou por Santa Clara e Beira-Mar.

Para assegurar Paulo Sérgio, o Sporting pagou seis vezes mais ao V. Guimarães do que os minhotos gastaram quando contrataram o treinador aos pacenses. Em seis meses, evidentemente, Paulo Sérgio não está seis vezes melhor. Mas todas as informações recolhidas por José Eduardo Bettencourt garantiram a vitória numa corrida que incluiu, em paralelo, Domingos e Jorge Costa (Villas-Boas não conta porque teve contrato assinado com os leões mas acabou por rescindir antes de trabalhar em Alvalade). E o próprio Bettencourt ganhou também, ao fazer prevalecer a corrente de que, para reconquistar um ascendente nacional, a opção teria de passar por um português (Costinha preferia um estrangeiro).

DOMINGOS CAIU Domingos era o nome que mais consenso reunia entre os responsáveis. Mas dois pontos acabaram por abortar uma hipotética proposta: a cláusula de rescisão que teria de ser paga ao Sp. Braga (1,2 milhões de euros, que António Salvador, líder dos arsenalistas, exigiria a pronto, algo que não fez na transferência de João Pereira) e a vontade do treinador em abraçar o projecto leonino - em Alvalade, existe a convicção de que o ex-avançado vai permanecer no Minho e, caso saia, terá como destino o FC Porto, clube com quem tem maior afinidade (até o filho lá joga). Em relação a Jorge Costa, nome e perfil que agradaram em Novembro, chegou-se à conclusão que seria uma aposta demasiado arriscada a curto prazo. Manuel Cajuda, sondado quando Paulo Bento saiu, era uma espécie de reserva moral.

ESTRANGEIROS DE FORA As hipóteses estrangeiras - Le Guen, Tigana ou Adriaanse - não passaram disso mesmo. Até Costinha se deixou encantar com as referências de Paulo Sérgio. O célebre "Paulo Bento forever" manteve-se - chama-se Paulo Sérgio Bento Brito - com uma figura com características idênticas ao antigo comandante verde-e-branco: tão depressa faz elogios aos jogadores como coloca ordem no balneário e exige disciplina; destaca-se por ser um líder; e tem tendência para apostar em jogadores jovens. Mas, além da simpatia pelo Benfica, existem mais pontos de contacto com antigos técnicos leoninos: foi forcado como Peseiro e revê-se em Fernando Santos. "O futebol é o momento mas recordo o seu trajecto por ser parecido com o meu: passados cinco ou seis anos chegou a um grande. Não tenho a mania que sei tudo mas reconheço que possuo grande ambição. Treinador da nova geração? Há muita gente a colar-se a Mourinho, mas não esqueço nomes como Manuel José. Para mim, a competência não tem idade", referiu em entrevista ao site "Maisfutebol".

ASSISTÊNCIA PARA LAZZARETTI A especulação em torno de reforços pode ter sofrido uma viragem porque cada um tem as suas ideias. Mas, entre os nomes que circularam, Gustavo Lazzaretti, central do V. Guimarães, pode passar a ser um dossiê prioritário. O brasileiro (emprestado pelo Atl. Paranaense aos minhotos) faz parte de uma lista de referenciados em que se encontra também Diego Ângelo, da Naval. Mas o grande problema detectado na estrutura continua a ser a esquerda da defesa.

Atento aos pormenores, Paulo Sérgio pretende fechar já a equipa técnica (além de Sérgio Cruz, Alberto Cabral e José Herculano, que estavam no V. Guimarães, falta um adjunto e um treinador de guarda-redes, que podem ser Filipe Ramos e Nélson, guardião do Belenenses). Depois, construir o plantel. Mas antes tem como única meta garantir o quinto lugar dos vimaranenses. "Podem ficar descansados: desde o primeiro dia em que comece a trabalhar com o emblema do leão o objectivo é só um: ganhar, vencer, ser campeão! Não tenho qualquer complexo de inferioridade ou temor. Estou confiante: em mim e na minha estrutura!", disse. Até parece Jesus na apresentação...

by: ionline

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