29 de abril de 2010

Morais era um: "Vendedor de sonhos que alegrava ambiente no balneário"

Recordações. Pedro Gomes lembra o companheiro "brincalhão", com um "espírito positivo"

"Um vendedor de sonhos." Estas foram algumas das palavras utilizadas por Manuel Pedro Gomes para definir João Morais, que morreu na terça-feira no Instituto Português de Oncologia do Porto, onde estava internado há mais de uma semana. Morais foi o autor do golo responsável pela maior conquista europeia de sempre do futebol do Sporting.

A 15 de Maio de 1964, em Antuérpia (Bélgica), os leões ergueram a já extinta Taça das Taças, após a vitória (1-0) sobre os húngaros do MTK de Budapeste, da Hungria. João Morais, na marcação de um canto directo, fez o golo do triunfo dos verdes e brancos. Um momento de inspiração que ficou eternizado como o "Cantinho de Morais".

"Ele foi o intérprete individual de um colectivo que é um marco na história do Sporting. Fui colega dele no Sporting, durante vários anos. Era brincalhão, uma pessoa extrovertida que alegrava o ambiente no balneário. Era um homem, que tinha um espírito positivo. Era um vendedor de sonhos", disse Pedro Gomes, antigo jogador do Sporting.

"Morais era, na sua época, um ponta-esquerda. Era um jogador regular, enquanto extremo-esquerdo. Quando me partiram a perna, foi adaptado à posição de lateral-direito", prosseguiu o também comentador e treinador de futebol.

"Encontrávamo-nos, por vezes, em alguns núcleos sportinguistas. Se pudesse, dava-lhe, agora, um grande abraço", afirmou Pedro Gomes, que jamais esquecerá o onze que conduziu o Sporting ao triunfo na Taça das Taças, em 1964, há já quase 46 anos.

"Carvalho, Pedro Gomes, Alexandre Baptista, Fernando Mendes, José Carlos, João Morais, Geo, Pérides, Osvaldo Silva, Figueiredo e Mascarenhas", enumerou.

Morais nem estava convocado para a viagem à Bélgica, para a final. Contudo, Hilário, o defesa-esquerdo titular, sofreu um lesão grave no jogo como Setúbal, para o campeonato e Morais foi chamado à última hora. Uma opção que valeu o troféu. "Só pedi que me deixassem marcar cantos, porque costumava treiná-los directos, combinando com Figueiredo para que este ficasse perto do guarda-redes e me servisse de referência", contou Morais em 1995.

Nascido em Cascais, a 6 de Março de 1935, João Morais morreu com 75 anos. Além da única Taça das Taças conquistada por clubes portugueses, Morais sagrou-se duas vezes campeão nacional pelos leões, em 1961/62 e 1965/66, e venceu uma Taça de Portugal (1962/63).

Jogava em ambas as alas, tanto ao ataque como na defesa, como acabou a carreira, o que lhe valeu o título de "todo-o-terreno". Ao serviço do Sporting realizou 255 jogos e marcou 66 golos.

Na selecção, fez parte dos "magriços" que concluíram o Campeonato do Mundo de 66 na terceira posição, tendo sido, inúmeras vezes, responsabilizado pela lesão de Pelé, no jogo que Portugal venceu por 3-1.

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