JORNAL SPORTING – Como classifica a sua passagem no Sporting?
CALÓ – Foi um período feliz na minha vida. Jogar num grande Clube, onde ganhei tudo o que havia para ganhar na formação, e somei dois campeonatos e uma Taça de Portugal, em sete épocas como sénior. Existia um grande espírito de camaradagem entre os jogadores, até porque passávamos muito tempo juntos, já que entrávamos em estágio na quinta-feira e só regressávamos a casa depois do jogo no domingo. O que fazíamos durante esses três dias depois dos treinos? Jogávamos snooker, ténis de mesa – em que o Alexandre Baptista não dava hipóteses a ninguém – e, por vezes íamos todos ao cinema. O autocarro deixava-nos lá e depois regressávamos para estágio, pois os treinos eram muito intensos e o descanso era obrigatório. O Fernando Vaz ainda tentou alargar mais o período de estágio, para que ficássemos a dormir no domingo e só regressar a casa na segunda-feira de manhã, mas não foi para a frente. Estávamos tão em forma que muitos jogos eram menos exigentes do que os treinos! Recordo com muita saudade o meu «irmão» Vítor Damas, que acompanhei desde os principiantes, agora juvenis, até aos seniores e sei que fui um dos que melhor o conheceu, ficando, inclusive, a morar em casa dos seus pais quando vim para Lisboa viver para jogar no Sporting. Foi o melhor guarda-redes português e um ser humano sem palavras. Subi a sénior com a responsabilidade de substituir o Alexandre Baptista, um grande jogador e um senhor em todos os aspectos. Encontrei o grupo dos vencedores da Taça das Taças e fiquei no Sporting até à época anterior à de 73/74, quando o Sporting ficou nas meias-finais da mesma competição. Qual a melhor equipa entre as duas? Foram ambas muito boas, mas considero que o grupo mais forte do Sporting foi o de 1969/70, ano em que conseguimos conquistar o campeonato nacional. O «onze» era composto por: Damas, Pedro Gomes, eu, José Carlos e Hilário; Gonçalves, Tomé e Peres; Marinho, Lourenço e Dinis. O futebol terminou com o final da minha carreira de jogador, pois nunca senti vontade de continuar ligado à modalidade e nem sequer curso de treinador tenho. Dediquei-me à família e à venda de produtos químicos industriais. Ao longo destes anos tenho recebido muito carinho por parte dos sportinguistas – embora seja natural que haja muita gente, sobretudo mais novas, que não me conhece.



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