Comentários: Academia Sporting África em 2011

Clifford Mulenga, jovem avançado zambiano de 22 anos, admitiu esta semana o sonho de carreira: jogar na Europa. “Por isso é que assinei pelo Bloemfontein Celtic. Assim fico mais perto de ir para o Sporting.” O acordo entre sul-africanos e leões, há muito assinado mas por poucos recordado, vai-se sentindo a dois ritmos distintos: em África ninguém se cala, em Lisboa quase ninguém fala. E tudo tem uma explicação – a Academia Sporting África, uma joint venture que constituiu a primeira parceria internacional do clube, está com um ano de atraso.

“Prevíamos que todas as infra–estruturas estivessem prontas em Janeiro de 2010, mas as dificuldades que encontrámos no processo atrasaram tudo”, diz o responsável Roger Pinheiro. “Tivemos problemas de patrocínios. Há uma crise financeira e todas as atenções estão centradas no Mundial. Mas não há risco nenhum – a academia vai abrir até ao final do ano!”

“Queiroz esteve cá em Dezembro a analisar o projecto, gostou do que viu, mas acabou por preferir outro centro de estágio para Portugal. Sendo assim, não há razões para apressar a obra. E os contactos vão-se mantendo: há duas semanas o Carlos Catalino, administrador da Extra Dimensions, encontrou–se com os responsáveis do Sporting em Alcochete e foram tratados mais detalhes”, admite.

Mas há vectores do projecto que arrancarão em breve, nomeadamente no que toca a prospecção e recrutamento de talentos. “Logo que os relvados estejam prontos começamos a trazer miúdos para fazerem testes. Como ainda falta o resto das instalações, vão ficar num hotel perto da academia. O próprio scouting já começou a trabalhar nesse sentido, nesta fase só em Bloemfontein e arredores. Mas temos contado com a ajuda de portugueses que estão filiados no núcleo sportinguista de Joanesburgo e que também recomendam jogadores”, explica o mesmo responsável.

Também nas contrapartidas não haverá mudanças: o Sporting recebe um milhão de euros dos parceiros na joint venture – ou compra acções da SAD à Sporting SGPS ou investe no aumento do capital social – e cede o know how e três pessoas: um director técnico, um chefe de observadores e ainda um treinador para os Sub-19.

brinde A parceria entre ROK Global Soccer Star, Celtic e Sporting não vai avançar. Bruce Renny, da ROK, assume que “o projecto está parado”, mas realça que “o Sporting mostrou interesse desde início na ideia”, que mais não é que um programa de TV, testado na Tanzânia, onde são feitos exames e selecções até se encontrar a maior promessa local (ganhou Francis Castro, que assinou pelo Cercle Brugge, clube com quem os leões têm um protocolo).

No entanto, a ideia dos dirigentes da Academia Sporting África é outra: mexer pouco no conceito mas associar-se a outra empresa. “Anunciaram um acordo durante a fase de negociações. Nada ficou feito ou assinado, mas temos essa ideia em papel e, em 2011, vamos avançar. Faremos também um programa de TV mas com formato diferente. O vencedor ganha uma bolsa na academia e, caso consiga visto, um ano todo pago na Academia do Sporting”, anuncia Roger Pinheiro. E o programa até pode ser visto em Portugal – afinal a Sporting TV vai nascer até ao final deste ano…

SL